terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Ednaldo Pichetto


Sem pretensão de criticar, apenas vontade de conversar como um espectador inquieto e amigo. 

Hoje assisti SISTEMA 25, no SESC Santo Amaro. Nem deu tempo pra me lembrar de que foi dali que sai, do curso de teatro em 1984, de uma prova pública, tímida, com um texto “ ÉVORA” escrito pelo professor José Manoel.

Ele mesmo! O provocador do Sistema. 

Quando eu penso que Zé já fez tudo que podia ter feito, ele inventa uma nova surpresa, e que surpresa! Um espetáculo lindo, questionador, forte, provocador e que nos deixa envolvidos com cada caída. 

Cada queda é um momento para uma reflexão do sistema... Do meio... Da gente. Senti-me um deles. Me vi em vários deles e chorei muito ao ver minhas mazelas alí na minha frente, explicitadas pra todos, mas só eu sabendo que eram minhas. 

Ufa! Sistema 25 tira nossas máscaras, arrança o véu da auto ignorância, nos deixa nus para nós mesmos.

O elenco é maravilhoso, gente que eu não via há 20 anos, e aí, pra mim, foi uma sensação bônus, um reencontro. Atores maduros, digo experientes, junto com jovens talentos. E mesmo assim não dá pra destacar ninguém, pois cada um tem seu momento e aproveitam. E como aproveitam, viu? 


Homogeneidade e competência definem bem e pronto!

Estou com “INVEJA BRANCA”, pois vocês vão poder dizer “eu fiz parte do elenco do Sistema 25” e eu, assim como de “AVOAR”, não. (risos)


Arrependi-me de não ter assistido antes, pois não acreditei nas pessoas que assistiram e que me diziam que era tão bom que eu nem iria perceber que o espetáculo tinha 2 horas e 40 minutos de duração. Pena mesmo, já teria assistido mais vezes. 

E é verdade nem se percebe. 

Desculpe-me mas acho que é um espetáculo pra conversar logo após debate), pois algumas questões ficam vagando no meu juízo. Queria saber qual a visão do elenco e da produção para cenas como a da filha maculada ou La Pietá de sangue(batizei assim).

Pois foi a cena que mais me chocou, uma filha lamentando e chorando a morte do pai, seu algoz e estuprador. Lembrou-me uma La Pietá invertida, onde ao invés da mãe (Virgem imaculada),  ter piedade do filho, tínhamos a filha(virgem maculada)com piedade do pai. Uma La Pietá de Sangue, onde quem sangrava não era o corpo sem vida, e sim a virgem maculada. Cena que precisava ser conversada, pois há um clima de melancolia, de profundo pesar, mas sem o sofrimento pela mácula e no texto ela questiona se é justo condenar alguém por amar demais, como se defendendo o pai. "Ele me amava como mulher, mas eu o amava como filha. E qual filha não quer ver seu pai feliz?" (é mais ou menos assim o texto), quando sabemos que quem ama não macula jamais. A beleza trágica da cena, onde se somam momentos de angústia e momentos de serenidade, e especialmente na postura contida da filha. Torna–a mais chocante ainda, ver o pai possuindo a filha sob o olhar de uma Nossa senhora fantasma, inexistente, sem referencial humano algum, apenas luz e resplendor.


Obrigado por todas as sensações vividas hoje. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Matéria do Satisfeita, Yolanda?

Sistema 25: Experiências na zona de risco
A atmosfera é de opressão. Ar denso, sufocante por tudo que o público vai ver ali. Um lugar pequeno demais para caber 25. Mas eles estão lá, se espremendo, definhando, sendo apagados naquele cubículo. De tão juntos perdem a individualidade. Prisão. Prisioneiros que exigem dos seus observadores um posicionamento político e social. Que talvez não venha.
O espetáculo Sistema 25 entra na sua quarta temporada. As duas primeiras sessões foram no Teatro Marco Camarotti. A terceira, e essa também, no Espaço Experimental (na Rua Tomazina). Cada apresentação para 25 espectadores. Todas lotadas.
Sistema 25 não é um espetáculo realista. Trata de prisões e agrupa 25 homens. Na primeira camada estão os detentos, criaturas que em condições indignas perderam a humanidade. Mas há de todo tipo, como nas cadeias aviltantes pelo país afora. Lá são criadas regras, hábitos, rituais, e uma luta medonha pelo poder. Ou para poder sobreviver.
Há muitas outras camadas, de afeto, de proteção, de medo, de lealdade, de cumplicidade. Mas vale tudo. Também a enganação. As partituras de ação foram construídas pelos atores-dramaturgos-narradores, sob a batuta do encenador José Manoel Sobrinho. Todo o processo começou há mais de um ano. E continua. Nesse procedimento contínuo de criação esses presos se digladiam e confessam suas culpas, histórias de toda ordem.
A montagem foi erguida movida pela paixão dos atores e a militância do diretor José Manoel.Sistema 25, apesar da complexidade da cena, do número de artistas e técnicos envolvidos, não tem patrocínio. É um teatro de resistência puro sangue. “Faço porque acredito na forma da arte para a minha vida e de vários outros”, confessa José Manoel. Confira abaixo entrevista do diretor e um pequeno depoimento de um dos atores.

Entrevista: José Manoel Sobrinho

José Manoel Sobrinho, encenador, professor de teatro e gestor
José Manoel Sobrinho, encenador, professor de teatro e gestor
Você sempre teve interesse de falar dos excluídos. Você desenvolveu há décadas atrás um trabalho nos presídios. Essa atuação nas prisões influenciou Sistema 25?
Durante muitos anos, como integrante da Federação do Teatro de Pernambuco, Feteape, coordenei os Projetos Coringa e Alvará de Expressão, no Sistema Penitenciário de Pernambuco realizando ações artísticas para e com pessoas em situação de prisão física. Em 8 presídios do estado. Era um projeto complexo e importante, pois eles assistiam, discutiam, faziam cursos, ensaiavam, montavam espetáculos e apresentavam nos presídios e nos teatros de Pernambuco. Uma experiência excepcional e uma equipe aguerrida de artistas e profissionais da extinta Secretaria de Justiça de Pernambuco.
Influenciou-me muito e influencia sempre, em todos os aspectos, principalmente para me fazer compreender melhor a situação do preso, uma visão mais humana, não condescendente, mas humana. Vivi experiências radicais no presídio, lidei com os extremos, com o poético, com o estético, mas com o furor produzido na prisão.
Mas a principal influência é que me faz afirmar que há muita humanidade e muita desumanidade convivendo no mesmo território. Lidei com extremos, doeu, foi difícil, mas vi a arte mudando a vida das pessoas, se não para mudar a condição, mas para fazer refletir sobre os pactos de convivência. Em quase 10 anos nunca houve uma situação de traição, há um pacto de forte convivência. Muito jogo de dominação.
Por que voltar aos presos?
Porque é de uma atualidade atroz. O sistema prisional brasileiro é algo assustador, construtor e promotor de criminosos. Uma fábrica de delinquências, sem controle, tudo misturado e ali convivem todas as pessoas. É brutal e desumano, nivela-se tudo e todos por baixo. Uma convivência brutal, porque as pessoas não são iguais e não há maldade em todos. Tem gente ali por pura fatalidade, por infortúnio, mas passa por todas as agruras.
Me interessa pensar no ser humano. Não falo de redenção, nem de perdão, falo de humanidade e de brutalidades.
Muita gente está lá sem sequer ser julgado. Presídios são fábricas de criminosos em potencial, lugares sem lei. Nada daquilo resolve a criminalidade, não baixa nada, só aumenta.
É lá, no presídio, que o crime se organiza e o poder público brasileiro não consegue resolver, não basta somente a força e a coerção. É um sistema muito caro para o país e que só dá prejuízo e não garante redução da violência.
A redução da maioridade penal, por exemplo, é manipulação para dizer que está fazendo algo para diminuir a criminalidade. É um blefe patrocinado por outros sistemas criminosos que atuam fora dos presídios. Outros grupos sociais com interesses diversos, para tirar o foco da atenção.
A peça é forte, potente é ali convivem várias cenas e ações que se completam e se chocam. Como foi o processo de construção de cada quadro?
Tem sido um processo longo, a partir de um monte do conto de Plínio Marcos. “São 25 homens presos num cubículo imundo onde só caberiam 8, 25 homens para morrer…”. Desse mote a dinâmica do espetáculo aconteceu.
Convidei 25 atores, 6 compositores, 1 iluminadora, 1 diretor musical, 1 assistente de produção e construímos juntos um processo que chamei de Jogos de Aproximação. Cada ator conduziria uma parte do jogo criativo, dominador e dominado, cada um foi líder por algum tempo. Diversos temas foram tratados e nos jogos elaborados na sala de ensaio a dinâmica foi sendo construída. Do que trabalhamos em salas, aproximadamente 60% está no espetáculo, os outros 40% foram descartados, estão no nosso corpo, nas memórias, são as memórias do coletivo.
De que forma Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos, de Plínio Marcos, entra no espetáculo?
Na peça aparece apenas o mote acima referido. E claro todo o discurso subjetivo de Plínio Marcos. Ele foi sempre a nossa inspiração, o Plínio, mais que sua obra, as suas atitudes. Um homem de profunda humanidade, crente nas possibilidades da arte.
Espetáculo Sistema 25. Foto: Camila Sérgio
Espetáculo Sistema 25. Foto: Camila Sérgio

Que mudanças você empreende a cada nova temporada?

Tenho me aventurado, nada é definitivo, tenho modificado textos, trocado atores, mudado a dinâmica da trilha sonora (ora ao vivo, ora gravada), mudo o lugar do público (pequenas alterações, mas que desestabilizam os atores). Mas não tenho sido competente para radicalizar mais. É difícil, venho de um teatro burguês. Queria ser mais radical, me desestabilizar, aos atores e técnicos e ao público, mas sou medroso, não evolui muito.
Trabalhar com um elenco tão grande, sem patrocino nem lugar fixo para as apresentações não é uma insanidade?!
É uma insanidade sim, mas necessária para mim neste momento. Ano que vem completo 40 anos de teatro e não podia, nem queria me perder nos meus objetivos. Sou militante, a militância me chama. Faço porque acredito na forma da arte para a minha vida e de vários outros. O tempo tem sido generoso comigo porque me mostra, a cada hora passada que Arte pulsa e é necessária. Ingênuo? Utópico? Pode ser, não tenho medo, não devo muitas satisfações, nem tenho nada a provar. Quero fazer e faço. Para isso também serve o tempo, a passagem do tempo.
Não sei se quero um lugar fixo, aliás, sei, não quero. Pretendo realizar no mínimo 200 apresentações e ocupar uns 50 espaços do Recife e RMR. O difícil é a iluminação, essencial para a cena, mas cara. Luciana Raposo elaborou um projeto bem arrojado e não acho justo ela utilizar os seus equipamentos sem ser paga, eles se desgastam, precisam de reposição e a produção não tem verba. Isso é o que mais me preocupa.
Estreamos em abril e já fizemos 20 apresentações, no Teatro Marco Camarotti e no Espaço Experimental. Quero fazer no Teatro Hermilo Borba Filho, no Teatro Arraial, no Teatro Apolo, no Capiba, no Barreto Júnior, na Fiandeiros, no Poste, nos antigos Teatros do Forte (Cinco Pontas) e Clênio Wanderley (Casa da Cultura), quero fazer em Camaragibe, no Cabo de Santo Agostinho, em Jaboatão dos Guararapes, em Olinda, em Arcoverde e Garanhuns. Não sei como, mas eu vou fazer.


terça-feira, 16 de junho de 2015

Alcy Saavedra

Quase que o “tempo” me fazia perder a chance de assistir ao um espetáculo que me levou às lágrimas, ao riso e à satisfação de ver uma entrega do ator ao ofício de atuar. Nos dias corridos da atualidade eu me resignava a aceitar a ver uma récita de duas horas e quarenta minutos. Na verdade, Sistema 25 passa num piscar de olhos. Não senti o tempo passar. Senti muita emoção. Fui tocado pelo que me foi mostrado. Nosso sistema penitenciário pernambucano, semelhante a outros em nosso país, é revelado através de seu cotidiano cruel e paradoxalmente poético. Cheio de modelos de vida que quando vemos com os olhos a alma chora. Gostaria de agradecer pela viagem que esse elenco maravilhoso, com pequenas fragilidades pela falta de experiência de alguns, me proporcionou. A entrega do ator, como disse, é perceptível. A vontade de levar o público para aquele universo é conseguida. A direção conduz o público para onde ela quer. Não adianta fugir. Se temos a religiosidade como foco, lá está ela como um dos elementos existentes no mundo daqueles que estão jogados como restos humanos condenados a se tornar pó. O erotismo sempre presente na medida certa, porém honesta, se faz presente para os revelar um pacote cheio de preconceitos, amor e, por incrível que parece, respeito. Como recurso, a música se transforma em um passaporte mágico que nos enlaça fortemente. Que direção musical fantástica! Somos avisados que podemos tudo, mas quem pode é a arte. É ela que nos obriga a admitir que o que é bom nos faz querer mais. Por isso ninguém sai, por isso queremos ver mais, por isso que teatro é bom, por isso que tenho que falar disso tudo. Gostaria de rever, mas seria como ceifar a chance de outra pessoa integrar o grupo de 25 espectadores por apresentação. Então, quero repassar para muitos amigos poderem prestigiar esse trabalho tocante. Gostaria de levar um enorme abraço a cada um dos atores, ao diretor, aos técnicos que deixam contribuem para o resultado. Parabéns!

via Facebook

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Gutto Motta


Tive o privilegio de assistir a estreia dessa belíssima peça, convidado pelo meu amigo Nildo Barbosa, um grande ator e diretor de cultura de Jaboatão dos Guararapes. Entre o elenco também se encontra um dos maiores atores de Pernambuco, o qual admiro muito o seu trabalho Emanuel David D´Lúcard que também é meu amigo. Sem falar que estão em cena, mais 23 atores "fuderosos", (Geraldo Cosmo, Robson Queiroz, Pedro Dias, e mais que ainda não tenho em meu face) porque não dizer tops, excelentes, maravilhosos atores do cenário cultural do nosso Estado. 
Promover Cultura de qualidade é dar possibilidades de conhecimento aberto ao povo, e foi isso que o belíssimo diretor Jose Manoel Sobrinho fez no SISTEMA 25.

via Facebook

Leidson Ferraz

Dormi feliz ontem, pensando no teatro pernambucano. Sábado fui ver “Obsessão” e, no domingo, “Sistema 25”. São dois exemplos, por vias distintas, da resistência da arte cênica pernambucana, ambos produzidos sem qualquer verba do poder público, frutos da coragem dos artistas produtores Simone Figueredo, Ulisses Dornelas, Nilza Lisboa e Silvio Pinto, no primeiro caso, e de José Manoel Sobrinho e Carminha Lins, no segundo. Parcerias felizes com elencos e técnicos.

Até então em cartaz no Teatro Boa Vista, “Obsessão” me surpreendeu pela dramaturgia, repleta de reviravoltas bem ao estilo do carioquíssimo Jô Bilac. Escrita por Carla Faour, com direção de Henrique Tavares, é exemplo deste tipo de espetáculo que pode não agradar a grande parte da classe artística, mas acerta em cheio no gosto do público comum, aquele que quer desopilar das mazelas do dia a dia e rir apenas, rir muito. A trama discorre sobre duas ex-amigas rivais em tudo e, principalmente, na relação com os homens que rondam suas vidas. A montagem é over, sobretudo na interpretação, e claro que vai ganhar em muito quando for para um teatro onde o elenco não precise brigar com o pânico da enorme espacialidade, já que os microfones ajudaram bem pouco. O que mais me impressionou, no todo, foi a opção da atriz e produtora Simone Figueiredo, à frente daquele quarteto, em apostar numa obra que foge dos intelectualismos e quer, sim, ser apreciada pelo espectador com exigências medianas. E isto (bem) produzido com a cara e a coragem, o que resultou na minha simpatia e torcida para que, tanto no Teatro de Santa Isabel (no próximo dia 2 de julho) quanto na temporada no Teatro Eva Herz (em negociação), “Obsessão” dê muito certo. Ainda no elenco, Sílvio Pinto, Nilza Lisboa, Diorgenes Lima e Tarcísio Vieira.
Por sua vez, reunindo 25 intérpretes masculinos (o que por si só já é uma tremenda loucura), o diretor José Manoel Sobrinho provou com o “Sistema 25”, até então com sessões espaçadas no Teatro Marco Camarotti, que o teatro pode ser uma experiência para além do simples assistir uma peça. Pode mexer com nossos conceitos para a vida. Só alguém como ele, após coordenação no saudoso Projeto Nimuendaju, que levou oficinas e espetáculos para a convivência no sistema prisional de Pernambuco, poderia criar uma obra (em escrita coletiva) que me incomodou bastante, inicialmente, por sua “condescendência” a homens em cárcere e suas tantas referências poéticas a “anjos caídos”. Assistindo ao espetáculo, eu pensava na relação que a “sociedade liberta” tem com ladrões, estupradores, assassinos, traficantes, etc., no entanto, “policiei-me” ao, quase ao final da montagem, reconhecer que pode, sim, haver resquícios de humanidade em gente assim, e isto já valeu por rever meus próprios preconceitos.
Nas quase três horas de duração, Zé fez comunicar a convivência que teve com homens naquela situação quase análoga, sem passar a mão sobre seus erros e práticas nada agradáveis para quem está aqui, do lado de fora. Aquele é um outro universo, mas que também clama por um certo entendimento de (sobre)vida e respeito até, por ter gente que o habita. O elenco, claro que com atuações díspares entre o excesso de teatralidade e uma naturalidade que impressiona, entrega-se por inteiro, certamente participando de uma experiência para além do teatral, que assim como a nós, transforma. Meus senões só foram à trilha sonora, em sua grande parte redundante e dispensável, mas me dando o prazer de (re)descobrir algumas vozes muito boas. A montagem vai cumprir temporada no Espaço Experimental em breve, e torço para que ainda seja vista tanto por policiais quanto por presidiários. O debate é preciso. No enorme elenco, Alberto Braynner, Beto Nery, Billé Ares, Breno Fittipaldi, Bruno Britto, Cláudio Siqueira, Eddie Monteiro, Ednaldo Ribeiro, Emanuel David D´Lúcard, Flávio Santos, Geraldo Cosmo, Guto Kelevra, Hypolito Patzdorf, João Neto, Marcílio Moraes, Neemias Dinarte, Nelson Lafayette, Nildo Barbosa, Normando Roberto Santos, Otacílio Júnior, Pedro Dias, Robson Queiroz, Rogério Alves, Samuel Bennaton e Will Cruz.
Bom, conferir “Obsessão” e “Sistema 25” me fez ter a certeza que o teatro pernambucano continua apostando em sua diversidade, tentando dialogar com públicos os mais distintos, e numa clara ousadia de quem o faz, provando que a arte teatral ainda é do COLETIVO em suas múltiplas possibilidades. Parabéns, seus ousados (entre outros que, felizmente, ainda temos)!

 Texto "COM PROPOSTAS BEM DIFERENCIADAS, DOIS ESPETÁCULOS ME CHAMARAM A ATENÇÃO NESTE FINAL DE SEMANA COMO EXEMPLOS DA RESISTÊNCIA DO NOSSO TEATRO", publicado no Facebook.

Marlene Coutinho


Sistema 25! 
Não via algo tão transgressor e impactante há muito tempo. E olhe q minha frequência ao teatro, é um tanto corriqueira. Mas, mais do que algo inusitado foi fantástico. Orgulho de conhecer a maioria, feliz de ser amiga e fã da maioria do elenco. O meu viva e o meu evoé vão p os 25 elementos e o encenador e toda equipe. UM ENCONTRO QUASE IMPROVÁVEL NÃO FOSSE A POSSIBILIDADE DO TEATRO.

via Facebook

Jair Medeiros


Um espetáculo perturbador, que instiga e convida o espectador a participar, um momento de reflexão sobre nosso sistema, nossos relatos, homens ou animais em condições humanas ou desumanas? Um relato a nossa selvageria diária, parabéns a todo elenco por esse momento único, essa tarde especial que vocês me proporcionaram.  Um forte cheiro em especial a meu amigo, grande ator e encenador Will Cruz e ao meu querido amigo Geraldo Cosmo, que já me dirigiu, ao talentoso Emanuel David D´Lúcard, ao grande Pedro Dias e ao provocador / encenador José Manoel Sobrinho. 
Grande aplauso de pé a todos.

Ivan Leite

Compadres e comadres! Na estrada com Catirina e rodando nas regionais da MC PRODUÇÕES, tenho parado pouco em Recife, mas, ontem tive o prazer de assistir ao espetáculo Sistema 25. 
O prazer de rever velhos amigos que a anos não os via atuando e nem no "sereno", o prazer de ver grandes monstros em suas interpretações, o prazer de ver novos atores talentosos em pé de igualdade, o prazer de abraçar a todos no final, o prazer de se emocionar e chorar com a tempestade de talentos, o prazer de estar no olho do tornado de interpretações. 

Prazer de deitar, embolar, sentar, acocorar, ver celular, mixar e ainda assim não perder absolutamente nada do espetáculo. O prazer de ver mais uma direção impecável desse que foi, é e será o ícone do teatro Brasileiro. O prazer de ver uma iluminação que atuava junto com os atores e a cena, o prazer de uma trilha que te faz rir, se emocionar e chorar. 

O prazer de uma produção bem cuidada, o prazer de um projeto cenográfico/ambiente sensacional, o prazer de uma tarde maravilhosa, o prazer pelo teatro Pernambucano, o prazer de estar ali, obrigado, muito obrigado por este momento que será eterno!!!

Via Facebook da Mateus e Catirina

Gilvan Mota

Sistema 25 .Realidade ou mentira?

Foi assim que me senti vendo o maravilhoso espetáculo, dirigido por Zé Manoel. 

No inicio do espetáculo me senti um preso por algumas dezenas de minutos. Personagens e plateia se misturam,, onde a igualdade permeia o sentimento humano e nos leva numa viagem real da ador e da cena.

Um espetáculo muito bem construída por atores que compartilham suas obras entre si, criando um sistema dramático que me fez um prisioneiro também, talvez prisioneiro da minha própria ignorância em não me inclinar para um problema tão sério que o sistema prisional do mundo. Por momentos senti o desejo de contracenar com eles, expor minhas ideias e sentimentos, mais me segurei, pois, não sabia se estava num mundo de verdades ou mentiras.



via Facebook

domingo, 14 de junho de 2015

Geraldo Maia

Zé, achei a peça d-e-m-a-is!!! Instigante, corajosa, ágil, elenco harmonioso, enfim, sai feliz, com aquela sensação de quando vemos algo que nos move/comove/faz refletir. Arte, enfim!!! Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Ah, e no início fiquei meio aflito. Pensei: Deus meu, onde e como aquelas duas músicas vão entrar nesse transe-zécelsomartiniano, eu estava sufocado de aflição...mas as músicas caíram feito luva...ficaram lindas, realmente!!!
Sufocado também com o ambiente... e a realidade a que a peça nos transporta... e que é foda...


*Geraldo Maia compôs duas músicas para o espetáculo

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Crítica: “Sistema 25″ é um processo de desestabilização

por Mateus Araújo

Vinte e cinco homens presos. Vinte e cinco espectadores cúmplices. Sistema 25, espetáculo dirigido por José Manoel Sobrinho – e em cartaz no Teatro Marco Camarotti, neste mês de junho, desde o dia 6 – é um processo contínuo de criação que se pauta pela experimentação da palavra e do espaço e pela percepção de limites (ou a falta deles) entre cena e plateia. Nesse jogo de tatos, se estabelece um questionamento sobre as culpas, o autoritarismo e a essência canibal que há nas relações humanas – sobretudo aquelas em estado limite – e transportando ao palco, ainda, uma insatisfação com as “regras” do próprio teatro.

Sistema 25 é a segunda parte de um processo de descobertas. Numa cela pequeníssima, homens se digladiam e confessam a si e aos colegas suas histórias e suas angústias – confessam por palavras, gestos e atitudes. Proposto a desestabilizar (a palavra é ratifica inúmeras vezes por ele), o diretor é a instiga de uma criação coletiva. Para ele, o espetáculo é espaço de se perceber e se sentir. Assim sendo, diante da plateia, o ator assume uma figura de provocado e estimulado a trazer figuras de linguagem e expressões que falem do cárcere para além da cadeia. A dramaturgia são retalhos de histórias que se intercruzam. Trinta momentos e quase três horas de espetáculo que não dão resposta ao que provoca, mas aciona paralelos e dúvidas pertinentes.

Na história, estão homens-metáforas de autoritarismo, de um sistema opressor e excludente, de desejos silenciados ou reforçados e encontros e identificações favorecidos pela condição de clausura. Da vingança ao sexo, tudo está em jogo num cubículo onde apenas cabiam oito pessoas, mas sobrevivem 25. O sistema que titula a peça atenta também para outro, mais amplos: o teatral. A determinação de desestabilizar não se resume ao caráter psicológico dos personagens, mas envereda pelo próprio ofício e prática do teatro.

O volumoso elenco destoa nas interpretações. Atores de trajetórias heterogêneas desenham em cena emoções oscilantes. Os mais experientes visivelmente estranham a quebra do palco à italiana e exageram na voz e nos gestos, dão tons acima do que precisaram para convencer a quem está ali tão próximo. Mas há de se destacar interpretações tocantes e emotivas, como a o jovem Marcílio Moraes no papel de uma filha que lamenta a morte do pai presidiário com quem teve uma relação dúbia, e o nonsense Velho Louco vivido por Normando Roberto Santos. Aliás, a figura do velho faz parte de uma série de elementos da dramaturgia que recorrem ao místico – o personagem de caráter profético repete inúmeras vezes, intercalado às cenas, o anúncio de uma morte que estar por vir.

Para além da percepção da dramaturgia, é possível romper a cadeia do provável e ir adiante, na perspectiva estética e da receptividade. Esse arranjado de situações e histórias também coloca-nos, como plateia, em lugar de debate. Tira a percepção estanque de quem apenas o assiste para nos levar ao centro do conflito. A disposição cênica é uma cadeia por si só, com uma estrutura de luz (assinada por Luciana Raposo) que destaca as emoções e os conflitos físicos e psicológicos de maneira intensa. O público senta em cadeiras em meio aos artistas. O centro são a cena, o elenco e o público. Unificados.

No entanto, essa perspectiva é incompleta e fria – uma vez que sentados dentro dessa cela e sendo parte física dessa prisão ainda estejamos sentimentalmente fora dela. Qual caminho seguir? Como chegar ao espectador de maneira que ele chegue ao ator sem que haja força, mas entendimento e identificação? É o estímulo ainda sem resposta. O Sistema segue, na construção e na desestabilização.

*Crítica postada na Coluna Terceiro Ato, do JC Online, em 12 de junho de 2015. http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/terceiroato/2015/06/12/critica-sistema-25-e-um-processo-de-desestabilizacao/

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Cesar Santos

Podem me julgar parcial (rsrs), mas sendo suspeito ou não, penso que Sistema 25 é o espetáculo mais surpreendente, inquietante, instigante, provocante e apaixonante montado na cena teatral pernambucana nos últimos anos! 


via Facebook

terça-feira, 9 de junho de 2015

André Filho

Querido José... 


Só agora consigo parar para escrever um pouco sobre a noite de ontem. Queria dar-lhe os parabéns pelo espetáculo. Saí do teatro ontem muito instigado com as cenas que vocês construíram. O SISTEMA 25 faz jus aos comentários que eu já tinha escutado. Maravilhoso poder ver pessoas tão queridas em cena se doando com tanta dignidade a um processo como este. A essência do teatro é e sempre será o trabalho do ator e todos vocês estão de parabéns. Ontem duas horas e quarenta minutos se passaram sem que eu tivesse percebido, fazia tempo que não sentia essa sensação assistindo uma peça. Tão bom poder ver pessoas tão talentosas com um trabalho amadurecido e consistente, todos sem exceção. Mas não poderia deixar de citar a interpretação de Flávio Santos cantando a música Alma de Palhaço, um deslumbramento que me umedeceu os olhos. A entrega de David D'lucard (Emanuel David D´Lúcard) e Ednaldo Ribeiro e Normando (Normando Roberto Santos), em nuances de personagens tão difíceis é de tirar o chapéu. Muito bom ver o crescimento absurdo de Rogério (Rogério Alves), Guto (Guto Kelevra), Robson (Robson Queiroz), Claudio (Cláudio Siqueira)Enfim, nem queria citar nomes prá não ter que cometer injustiças, cito estes apenas como referências de todo o grupo, pois todos estão muito bem. 



Vocês construíram uma cena forte, impactante. Espetáculos como o Sistema 25 nos faz respirar e ter a sensação de que vale a pena continuar tentando. Vocês são um grande exemplo a ser seguido, talvez o maior de todos, o de que a nossa arte ninguém vai roubar, nem nos limitar a leis idiotas, à dogmas religiosos, à preconceitos. Nossa arte é libertadora, mesmo que seja dentro de uma cela superlotada como a que vocês nos deram ontem. Alguém precisava dizer o que vocês disseram. Queria agradecer a todos e principalmente a você José, pela oportunidade de poder participar deste momento tão bonito. A forma como todos me acolheram e as minhas músicas, ontem foi realmente uma noite muito especial prá mim. Uma vez um grande amigo meu, que já não o é mais, me falou que quando a gente vê uma peça boa a única coisa que temos que fazer é tomar uma cerveja, sentar numa calçado e chorar. Bem eu não sentei na calçada mas chorei no teatro, mas a cerveja com certeza eu tomei, "prá ficar pensando melhor" no presente que vocês me deram. Um grande abraço a todos e muito mais muito sucesso mesmo do fundo de meu coração e da minha alma palhaça, artista e poeta, como a de todos vocês. 


Bjs.

                                                                              *André Filho compôs duas músicas para o espetáculo

terça-feira, 5 de maio de 2015

Doralice Lopes


Inspirado no conto “Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos” do escritor Plínio Marcos, estreou no Recife, depois de quase um ano de ensaios, o Processo –assim chamado pelo grupo - “Sistema 25”, dirigido por José Manoel Sobrinho. Em cena, 25 atores representam a vida de presidiários numa cela superlotada, inclusive por nós, espectadores. 

São quase duas horas e meia de muita agonia, muita reflexão, mas também muita risada. Os atores, que participaram do processo de criação do texto, mostram a realidade dos presidiários de uma forma descontraída, mas sem deixar de abranger os casos mais comuns – e, mesmo assim, polêmicos - que ocorrem nesses lugares: violência sexual, prostituição, tráfico de drogas, chantagens entre os presos e, por outro lado, romances e relações de amizade que podem se criar ali dentro. Cada história ali é única, cada preso tem seus motivos para estar ali, uns por uma causa justa e outros não. 

“Neste processo o espectador pode sair, tomar água, ir ao banheiro do camarim, sentar no chão, deitar-se onde quiser, dormir, mudar de lugar, fotografar sem flash, falar ao zap, falar com os atores, alongar-se, entrar em cena, cantar junto, dizer poemas, não fazer nada, gritar. Tem gente que tem medo.” Foram as indicações recebidas. De fato, os espectadores, dispostos em círculos, estavam livres para se movimentar como quisessem durante a apresentação, alguns até dançaram no momento em que um tango embalou a cena de romance entre dois presidiários. 

A iluminação de Luciana Raposo estava impecável, do começo ao fim fez parte da cena como elemento fundamental para suscitar determinadas sensações ao espectador, além do uso inteligente de adereços alternativos em alguns momentos para iluminar a cena, como isqueiros. Samuel Lira e Thiago Gondim ora assumiam a trilha sonora da cena, ora cumpriram um papel fundamental dando suporte aos personagens que tinham que cantar. 

Interessante notar como nós, espectadores, estivemos o tempo todo ali, presos com os detentos, convivendo com eles, entendendo – ou tentando entender - um pouco da realidade desse tipo de lugar. E mais: presos com os atores, acompanhando trocas de roupa, relação com os adereços de cena, com os outros atores e conosco enquanto não estavam no foco da cena propriamente dita. 

Alguns personagens – é o caso desses personagens - se mostraram mais que outros, o que se pode considerar um problema, visto que determinados assuntos, que poderiam ser melhor explorados, ficaram sem espaço. Mas por entender que o processo de montagem não esteja terminado, o acréscimo de novas cenas, prolongação ou corte das existentes ainda é possível e está sendo experimentado pelo grupo, acredito que encontrarão a melhor solução para essa situação. 

No mais, devo dizer que é provavelmente impossível sair de uma sessão do “Sistema 25” com o mesmo olhar com que entrou acerca do sistema carcerário brasileiro e mundial, como um ambiente onde a relação política é muito determinante não só pelo poder superior em relação aos presidiários, mas na relação entre os próprios presos. E ainda mais, olhar para essa situação de forma crítica e realista, mas em determinado momento enxergar poesia numa relação e noutra, o que foi feito de forma muito consciente e coerente pela equipe.

Artigo para o blog Morpheus Teatro,  que apresenta Reflexão sobre espetáculos teatrais produzida por alunos da Disciplina Teatro no Brasil, oferecida pela Licenciatura em Teatro da UFPE e ministrada pelo Professor Rodrigo Dourado.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Wellington Júnior

Querido Zé, fiquei muito feliz de ver seu trabalho. Vejo o quanto vem buscando se exercitar sempre na direção ( na teatralidade - esse estado que vivemos quando se instala o teatro). Não consigo ainda traçar um pensamento analítico sobre o SISTEMA 25, mas sei que com certeza é esse o caminho - compartilhamento do processo - algo q vc soube fazer muito bem. É um espetáculo de múltiplas leituras e isso é muito bom. Desejo sucesso e uma linda carreira. Sei que como para os marginais ter uma chance na vida é difícil e sei o quanto é estar FORA DAS LEIS, mas creio que é esse o caminho que mostrarmos que somos nós que queremos um projeto de TEATRO e não os governos que determinam nossos projetos-sonhos.  Bjs te admiro demais. Sucesso. Mande um grande parabéns para todos. Obrigado, bjs no coração e LUTEM, LUTEM, LUTEM, bjs.

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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Telma Ratta

Ontem tive a honra de assistir a estreia do SISTEMA 25. MT bom ver os 25 atores em cena! Super recomendo! Sistema 25 é um belo trabalho de atores e diretor. Obg meninos, Obg José Manoel Sobrinho. Vida longa ao espetáculo!
 
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Roberto Hildegard

 #‎Sistema25‬ é um daqueles feitos que ficará registrado na história e na memória do ‪#‎Teatro‬ Permambucano como um grande acontecimento! Um experimento revolucionário mas sem o caráter de discurso político. Apenas uma forma de "artificar" um momento! Quero viver para contar a história!
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Luiz Felipe Botelho

Sistema 25, espetáculo-experimento proposto pelo encenador José Manoel e encampado por um grupo de vinte e cinco atores e uma grande equipe técnica. Todos abriram mão de pagamento, não somente como um protesto reivindicando cuidados urgentes para com as artes cênicas locais, mas sobretudo para realizar um dos mais ousados trabalhos dos últimos tempos na cidade. Ousadia nos auto-desafios expostos para a plateia e no modo como o processo criativo está acontecendo e se ...materializando. São atores e técnicos de várias idades e vivências lidando com a construção de um espetáculo como um fluxo lúdico de invenção e investigação permanente. As recentes apresentações são assumidamente obras inacabadas, embora pareçam prontas. Hoje foram as apresentações finais de um ciclo. O elenco se reunirá para refletir sobre esses encontros com o público e ir mais além nos mergulhos criativos. Em breve voltarão e recomendo com ênfase que procurem assistir a esse belo trabalho.
 
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